ps.Este artigo não estará disponível no nosso site/blog
Um filme que tem como título “Ninfomaníaca” conduz desde logo o espectador numa série de considerações prévias sobre o que encontrará explícito no grande ecrã, de cenas de sexo descaradas a respirações ofegantes, passando por pormenores visuais que incomodarão os mais pudicos num espaço público como a sala de cinema, e um sem-fim de estereótipos que o tal nome possa sugerir. É bem verdade que vai ver tudo isto neste novo filme de Lars von Trier. Mas tomá-lo só por selvajaria erótico/pornográfica seria um erro, um grande erro. Joe (Charlotte Gainsbourg e Stacy Martin, versão ora adulta ora adolescente, respectivamente) descobriu que tinha uma vagina aos dois anos de idade. Tão precoce foi a descoberta do sexo, mas acima de tudo a do prazer. O ponto de partida está dado. Posto isto, viajamos pela história desta menina e pela representação que a apetência sexual que lhe é natural toma em todas as dimensões do seu ser, um ser, aliás, bem triste e melancólico. Ao longo da história somos tentados a deixar de lado a palavra “ninfomaníaca”, pelo menos no que toca à conotação negativa. É a própria Joe que conta a sua história (na pele de Gainsbourg), com um pijama langueirão, uma chávena de chá com leite na mão, a um perfeito desconhecido que a resgata da rua (Stellan Skarsgård), toda maltratada. De repente, este espaço é um confessionário puro, sem moralismos, sem padre, só um ouvinte, onde Joe revê a sua história em jeito de expiação, à procura não se sabe bem de quê, pois não esqueçamos que esta é só a primeira parte do filme. É erótico, é, sem dúvida, sexual acima de sensual, mas é também bonito na delicadeza que o adjectivo acarreta.
ps.Este artigo não estará disponível no nosso site/blog